- Episódio 4: Os Espíritos da Ilha
EPISÓDIO 4 . 22/06/2024
OS ESPÍRITOS DA ILHA
[Esse texto contém spoilers!]
A Ilha Anchieta é repleta de segredos. Nesse episódio, o Lucas e a Gabi se deparam com mais uma história misteriosa sobre o passado da Ilha. Bem perto da praia de Palmas, uma das praias monitoradas pelos voluntários, existe um cemitério desativado. As cruzes neste cemitério são diferentes das cruzes que costumamos encontrar: elas possuem duas barras na horizontal, ao invés de uma só. Isso porque elas são da igreja ortodoxa russa. É que na Ilha Anchieta, bem antes da rebelião do presídio, aconteceu um grande massacre de imigrantes búlgaros e gagaúzos bessarabianos. Ao virem para o Brasil como imigrantes, fugindo das guerras em sua região, os búlgaros se depararam com um regime de trabalho semelhante a uma escravidão. Eles então se recusaram a ir trabalhar nas fazendas, e foram presos pelo governo de São Paulo, e levados para a Ilha Anchieta. Lá, já existia uma estrutura de presídio, que estava abandonada. Os moradores da Ilha, caiçaras, foram expulsos para que os búlgaros pudessem ser presos ali. Sem nenhuma estrutura, sem camas, roupas e até sem alimentos, os imigrantes retomaram as roças dos caiçaras, que plantavam, entre outras coisas, a mandioca-brava. Esse tipo de mandioca só pode ser consumida depois de um longo preparo, já que possui substâncias bastante tóxicas em sua composição. Os búlgaros, que não sabiam da necessidade de preparo, ingeriram a mandioca-brava, o que agravou as condições de saúde que já estavam graves devido à falta de higiene, saneamento e alimentação. Em um período de 100 dias, mais de 150 imigrantes morreram, sendo a maioria, crianças e bebês. Ao descobrir mais sobre essa história, o Lucas conseguiu ressignificar um dos seus medos ao estar na Ilha.
A viagem estava cada vez mais perto do fim. No dia 20, foi o aniversário do Lucas. Os voluntários se juntaram e fizeram uma grande festa pra ele, com direito a pizza e hambúrguer vegetariano, e terminando em um lindo luau.
VOCÊ OUVIU
Gabriela Longo
Bióloga, educadora popular e comunicadora da ciência, a Gabi adora uma aventura, e está em constante movimento. Ela já atuou em diversos projetos de conservação, de tartarugas marinhas, baleias jubarte e até lobos-guará; e de educação popular e social, e hoje é mestranda no Programa Interunidades em Ensino de Ciências, na USP.
A Gabi é uma das produtoras e narradoras do podcast Sinal de Vida, um projeto que ela tem certeza que mudou a sua.
Lucas Andrade
O Lucas é biólogo, desenhista e especialista em comunicação pública da ciência (UFMG). Ele nasceu e cresceu no Jardim Iporanga, periferia da zona sul de São Paulo, e sempre buscou conectar seus dois mundos por meio da arte, de narrativas… e da resenha! Ele é um dos produtores do podcast Alô, Ciência?, faz parte do OCorre Coletivo, e já publicou diversos quadrinhos, e um deles, o “Inimigo Invisível”, ganhou o prêmio HQ Mix! O Lucas é um dos produtores e narradores do podcast Sinal de Vida, e ainda assina as artes de cada um dos episódios!
Jorge Cocicov
Jorge Cocicov é filho de imigrantes búlgaros, pesquisador e escritor sobre a história da imigração dos búlgaros no Brasil. Jorge foi juiz de direito e policial militar, profissões das quais já se aposentou. Jorge faz parte da Associação Cultural do Povo Búlgaro, e por sua pesquisa, recebeu do presidente da Bulgária uma medalha e um diploma o agradecendo pela pesquisa, e lhe concedendo a insígnia do governo búlgaro.
Esse episódio contou com as vozes de:
Jorge Maia
Jorge é poeta, contista, roteirista audiovisual e integra o grupo de teatro e percussão corporal “Tuc Boys” desde 2007. Nascido e criado na zona sul de São Paulo, no bairro do Capão Redondo, em 2018 o escritor publicou, junto a outros poetas brasileiros e africanos, a Antologia Africanos – Versos, Textos e Pretextos, em uma parceria da Editora Ler e Escrever e Editora Alupolo. Jorge também é historiador e professor de História pela UFRJ, palestrante sobre educação e práticas antirracista, mestre em Educação e agora realiza seu doutorado também em Educação pela UFRJ. Nessa área, foi colaborador em publicações acadêmicas, com artigos em revistas científicas e de divulgação, assim como no livro História Oral e educação – Experiência, tempo e narrativa, publicado pela Editora Letra e Voz.
Leno Machado
Leno é locutor, ator e dublador. Conheça seus trabalhos através das redes sociais: @lenomachado
APOIO